Os alimentos transgénicos ou organismos geneticamente modificados (OGM) são preparados com plantas manipuladas por engenharia genética. No laboratório é possível misturar os genes de espécies que nunca se poderiam cruzar na Natureza: bactérias com hortaliças, vírus com cereais, etc.
A olho nu não é possível distinguir uns alimentos dos outros mas, quando uma semente transgénica é semeada, toda a sua descendência continuará a sê-lo, pelo que são necessárias análises especializadas para se poder seguir a sua presença.
A Plataforma Transgénicos Fora do Prato é coordenada por oito entidades (Agrobio, Biocoop, Fapas, Gaia, Geota, Liga de Protecção da Natureza, Liga Portuguesa dos Direitos do Animal e Quercus) e apoiada por dezenas de outras.
7 boas maneiras de participar na campanha Transgénicos Fora do Prato e fazer a diferença
Para não ser tratado como cobaia, nem entrar num negócio que só pode trazer prejuízo à sociedade e ao planeta, pode defender-se:
* Ler o rótulo dos alimentos, para verificar se contêm ingredientes transgénicos (acima do limite legal de 0.9% a rotulagem é obrigatória).
* Preencher no supermercado o folheto das reclamações solicitando informação, por exemplo, sobre quais os produtos animais em que foram usadas rações transgénicas e deixando claro que pretende evitá-los (a rotulagem deste produtos não é obrigatória e como tal os consumidores não têm direito à escolha).
* Consumir produtos provenientes de agricultura biológica - a melhor garantia para evitar que os transgénicos cheguem ao seu prato.
E exercer a sua cidadania: * Dar cópias deste panfleto a amigos e familiares.
* Aderir ao abaixo-assinado contra a proliferação de transgénicos, disponível em www.naturlink.pt/canais/artigo.asp?iArtigo=10220
* Inscrever-se na lista electrónica sobre transgénicos(basta enviar uma mensagem vazia para ogm_pt-subscribe@yahoogrupos.com.br), ou enviar uma mensagem para ogm@oninet.pt. Também pode contactar-nos, se preferir, pelo correio, para o Apartado 5052, 4018-001 Porto, ou enviar-nos um fax/deixar uma mensagem no número 22 975 9592. Colaborações são bem vindas!
* Questionar entidades políticas e partidárias sobre a sua posição nesta matéria.
É particularmente útil pedir aos ministros do ambiente e da agricultura que tomem uma atitude firme contra a circulação e cultivo de transgénicos em Portugal. (Ministério da Agricultura: Praça do Comércio, 1100 Lisboa; Ministério do Ambiente: Rua do Século 51, 1200 Lisboa)
7 boas razões para recusar os alimentos transgénicos
Os transgénicos podem ser:
um perigo para a saúde Até agora a União Europeia já aprovou o milho e soja transgénicas mas pretende aprovar dezenas de novos transgénicos nos próximos um a dois anos. Apesar da legislação muito complexa, não há qualquer garantia de que os transgénicos aprovados sejam seguros para a saúde porque não são exigidas análises aprofundadas, nem se aplica qualquer precaução nas aprovações e, para além disso, os únicos testes disponíveis são os realizados pelas próprias empresas que comercializam transgénicos.
Também se sabe que: - As doenças do foro alimentar nos Estados Unidos aumentaram 2 a 10 vezes a partir de 1994... precisamente o ano em que começou a venda de alimentos transgénicos naquele país. - Se as abelhas visitam culturas transgénicas, as bactérias do seu intestino também ficam transgénicas. - Os transgénicos contêm genes de resistência a antibióticos. - Não é possível afastar a hipótese de que os transgénicos causem cancro e deficiências imunitárias. - No único estudo levado a cabo pelo governo americano, 7 dos 40 ratos alimentados com tomates transgénicos estavam mortos ao fim de quinze dias (e os que comeram tomates normais estavam bem). No entanto, os tomates transgénicos foram na mesma aprovados para fins alimentares. - As plantas transgénicas tornam-se tão instáveis ao nível celular que os alimentos transgénicos que estão em circulação na União Europeia apresentam uma composição molecular que já é completamente diferente da inicial. Na prática isso significa que são plantas diferentes daquelas que foram aprovadas, e deveriam ser imediatamente retiradas do mercado.
um perigo para o ambiente bastará saber que a indústria dos seguros se recusa a fazer seguro de risco às empresas que produzem e comercializam transgénicos: o perigo é de tal forma desconhecido que não é possível calculá-lo nem quantificá-lo. Ou seja, se acontecer algum acidente, não há quem pague. Entretanto os desastres já começaram: no México, por exemplo, as variedades tradicionais e selvagens de milho estão contaminadas por milho transgénico americano, o que põe em perigo imediato a viabilidade da região mais rica do mundo em termos da diversidade biológica de milho.
um perigo para as gerações futuras As empresas que produzem sementes transgénicas estão a comprar avidamente as grandes marcas internacionais de sementes convencionais e a reduzir drasticamente as variedades de plantas agrícolas disponíveis para os agricultores. Com o passar do tempo todos os agricultores serão obrigados a comprar sementes transgénicas simplesmente porque não têm escolha - e toda a multiplicidade de variedades que os nossos antepassados laboriosamente criaram terá desaparecido.
Este empobrecimento da biodiversidade da nossa civilização deixará as gerações futuras num beco sem saída.
um perigo para os agricultores e a agricultura A produção de plantas agrícolas transgénicas torna os agricultores completamente dependentes do que lhes é fornecido.
Sabe-se, além disso, que as culturas transgénicas: - produzem menos - alteram negativamente as características do solo - conduzem ao aparecimento de pragas resistentes a grandes quantidades de um ou vários pesticidas ao mesmo tempo (super-pragas) - são mais caras para o agricultor - induzem e permitem a utilização de maiores quantidades de pesticidas na agricultura - tornam inúteis pesticidas benignos - contaminam a agricultura convencional e biológica - quando empregues em rações, podem conduzir a profundas alterações fisiológicas nos animais que as consomem
um perigo para o terceiro mundo Todas as sementes transgénicas são protegidas por um sistema de patentes que impedem os agricultores de guardar sementes de uns anos para os outros. Ora havendo já centenas de milhões de pessoas a passar fome no terceiro mundo, forçar todos os agricultores a comprar sementes novas todos os anos é lançar populações inteiras ainda mais na miséria e na fome.
incontroláveis Apesar de haver transgénicos no mercado há menos de 10 anos, já existe um longo historial de incidentes por todo o mundo que demonstra a incapacidade do sistema governamental e alimentar de manter os transgénicos sob controlo. O milho Starlink, por exemplo, foi legalizado nos Estados Unidos apenas para uso em rações animais mas acabou por ser utilizado em mais de 300 alimentos humanos até que foi proibido. Também nos Estados Unidos foram vendidos e consumidos animais transgénicos sem que houvesse qualquer autorização. Na União Europeia todos os anos se descobrem lotes de sementes que estão contaminadas por transgénicos ilegais - muitas são destruídas, outras acabam por entrar no circuito alimentar. Em Portugal crescem os rumores de que, apesar da proibição, haverá milho transgénico a ser cultivado em diferentes pontos do país.
Os transgénicos impedem o desenvolvimento das verdadeiras alternativas Os centros de investigação em melhoramento de plantas por via convencional (sem engenharia genética) estão à míngua de fundos; a agricultura biológica, que já demonstrou como é possível produzir alimentos sem pesticidas e melhorando a fertilidade da terra e a saúde do ecossistema, continua a ser relegada para último plano pelos Ministérios da Agricultura, as variedades agrícolas tradicionais continuam a desaparecer por falta de atenção de quem decide...
Encontra informação detalhada, em Português, sobre a situação portuguesa e internacional em: Alimentos Transgénicos - um guia para consumidores cautelosos, Margarida Silva, Universidade Católica Editora.