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Editorial
Depois da tempestade...
“Depois da tempestade vem a bonança”. Este ditado popular descreve na perfeição uma atitude frequente da nossa sociedade face às adversidades que nos batem à porta e às que nós próprios provocamos.

O Verão de 2003 caracterizou-se como o mais dramático, desde que há memória, relativamente às proporções alcançadas pelos incêndios florestais. Mais de 400 mil hectares de floresta ardidos, duas dezenas de vidas humanas perdidas e inúmeros bens materiais destruídos romperam profundamente com o cenário a que os portugueses estavam habituados em anos anteriores.

No entanto, a dimensão da tragédia poderá não ser garantia suficiente para que a sociedade portuguesa não se deixe cair na comodidade da “bonança” e abandone assim ao acaso o retorno cíclico dos incêndios. A forma como as entidades responsáveis foram apanhadas de surpresa quando os incêndios florestais retomaram a sua actividade em Setembro, depois das labaredas de Agosto terem sido consideradas controladas, é por si só um mau presságio e reflecte um pouco daquilo que poderá acontecer com a chegada do Inverno.

Numa altura em que a floresta ainda fumegava, os responsáveis por manter o nosso património natural a salvo das chamas já começavam a desmobilizar os meios, convencidos de que, depois da tempestade, viria realmente a bonança.

Esta forma quase tradicional de gerir o problema dos incêndios florestais, esperando que sejam ciclicamente esquecidos, tem sido responsável pelo agravar da situação ano após ano e governo após governo. Teremos de estar muito atentos e activos e utilizar todos os mecanismos necessários para contrariar a tendência “natural” de esquecimento à medida que nos vamos afastando do Verão.

A Quercus tem um papel forte e uma responsabilidade acrescida em manter a sociedade portuguesa alerta para a necessidade de investir, ao longo de todo o ano, na prevenção dos incêndios florestais. Este trabalho e esta responsabilidade cívica cabe a todos nós e de todos se espera uma motivada contribuição. Não nos vamos deixar vencer pelo desânimo que poderá surgir com os primeiros retrocessos das promessas políticas efectuadas no calor dos acontecimentos.

Apesar da fragilidade com que a área do ambiente se tem apresentado na nossa sociedade, principalmente pelo facto de ter sido a grande prejudicada na actuação política dos últimos anos, é necessário potenciar a cada vez maior sensibilidade ambiental existente no nosso país. Portugal não poderá aceitar que as preocupações ambientais continuem a ser colocadas em segundo plano. É cada vez mais evidente que esta área é transversal a todos os outros sectores que compõem a sociedade humana e descurá-la traduz-se também em graves problemas sociais e económicos.

Agora, “depois da tempestade”, o grande desafio é garantir a implementação das inúmeras medidas de protecção à floresta que, desde há muito tempo, têm sido divulgadas e discutidas na nossa sociedade. Conhecendo as capacidades de malabaristas dos nossos políticos, o desafio não será fácil e poderá mesmo ser caracterizado, em diversos aspectos, pela manutenção do status quo. Independentemente do que realmente venha a acontecer, a Quercus deverá estar completamente mobilizada para contrariar a apatia e estagnação que caracteriza o Outono e o Inverno face à questão dos incêndios florestais. Para isso será necessário uma maior participação de todos os nossos associados e simpatizantes. Todos nós podemos contribuir.

Hélder Spínola
Presidente da Direcção Nacional da Quercus
QUERCUS Ambiente n.º 2 (Setembro/Outubro 2003)
 
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